É difícil tornar uma empresa sustentável em Portugal?

7 Perguntas e respostas com Raul Santos, CEO da SunEnergy

Raul Santos
CEO SunEnergy
Ambientalmente, quais os valores da SunEnergy?

A Sunenergy, atendendo ao seu posicionamento enquanto empresa ligada às energias renováveis e à energia solar em particular, tem uma preocupação muito grande com as questões ambientais e da sustentabilidade, razão pela qual não poderia deixar de dar um bom exemplo. Por esse motivo, temos sempre presente nas nossas decisões uma preocupação com a eficiência energética e também com a redução da pegada ecológica da nossa atividade.

Que caminho ambiental tem traçado a SunEnergy?

A Sunenergy tem vindo a fazer investimentos em várias áreas com o mesmo objetivo, dar o seu contributo para um mundo melhor. Desde logo, o investimento em painéis solares fotovoltaicos. Temos na nossa sede em Coimbra 40 painéis solares fotovoltaicos para produção de energia elétrica. Este investimento permite-nos produzir uma parte significativa da energia que necessitamos para desenvolver a nossa atividade. Por outro lado, temos também painéis solares para aquecimento das águas sanitárias do mesmo edifício e, caso não exista sol suficiente, ainda temos uma bomba de calor para auxiliar nessa tarefa, um equipamento cada vez mais usado para o aquecimento de águas sanitárias, mas também para a climatização das nossas casas, dada a sua elevada eficiência e comodidade. Não podemos também deixar de referir a nossa grande aposta na mobilidade elétrica. Neste momento, 40% da nossa frota é constituída por viaturas totalmente elétricas e o resto da frota a combustão tem vindo a ser renovada e neste momento a idade média das viaturas a combustão situa-se nos 2,7 anos. Para além disto, temos apostado na substituição da iluminação por LEDS, no aproveitamento da luz natural e no dia-a-dia tentamos evitar deslocações para assuntos que possam ser tratados à distância.

Sistema de Aquecimento de águas sanitárias e Climatização Sede SunEnergy
Que metas / objetivos estão estabelecidos pela SunEnergy no curto, médio e longo-prazo?

O nosso grande objetivo é fazer crescer a nossa atividade porque, se isso acontecer, seguramente estaremos a dar um grande contributo para um mundo melhor e mais sustentável. Em 2020, por exemplo, os 15.000 painéis solares que instalámos nos nossos clientes permitirão reduzir a emissão de 3.000 toneladas de CO2 anualmente e também alimentar 1.700 casas durante um ano. Apesar do contexto de incerteza que vivemos, em 2021 queremos ultrapassar estes números e reforçar o nosso contributo na construção de um mundo melhor. Este é o mesmo objetivo que temos a 5 anos, fazer crescer a nossa atividade de forma sustentada. Mas, para além disso, vamos seguramente continuar a investir na eficiência e na autonomia energética das nossas instalações e numa frota automóvel com cada vez menos emissões de CO2.

Frota SunEnergy
Frota SunEnergy

Na sua opinião, qual é o papel das indústrias no rumo à neutralidade carbónica?

A indústria é um grande consumidor de energia. Juntamente com a habitação e os transportes, são os grandes consumidores de energia à escala global, energia essa frequentemente produzida a partir de fontes não renováveis. Por esse motivo, a indústria é também um dos setores de atividade mais poluentes. Como tal, temos aqui associada uma questão de responsabilidade ética por parte dos empresários. Daí, os investimentos em máquinas mais eficientes do ponto de vista energético ou em painéis solares fotovoltaicos para produção de energia elétrica serem investimentos cada vez mais fortemente equacionados pela indústria, como forma de poupança de energia, mas também, como um contributo rumo à neutralidade carbónica.

Delegação Sunenergy Coimbra
Painéis Fotovoltaicos na Sede SunEnergy
Considera que há uma maior preocupação por parte das indústrias em matérias ambientais?

De acordo com a nossa experiência, existe uma consciência cada vez maior por parte da indústria portuguesa no papel que desempenha na mudança desta realidade, no sentido de caminharmos rapidamente para um cenário de neutralidade carbónica. Neste momento, já não é apenas a vertente económica a pesar nas decisões de investimento da indústria. Cada vez mais, os empresários sentem-se agentes ativos na mudança do atual paradigma energético.

Como é que se concilia economia com sustentabilidade?

Se há uns anos atrás era muito difícil conciliar economia com sustentabilidade, hoje em dia, as coisas já estão bem diferentes. Investir em soluções sustentáveis já não é necessariamente sinónimo de comprar mais caro. Um exemplo deste novo paradigma são os painéis solares fotovoltaicos para autoconsumo. Hoje em dia, a indústria já consegue obter o retorno deste investimento em 3 a 4 anos, produzindo a sua própria energia com custos muito reduzidos e, ao mesmo tempo, reduzindo drasticamente as emissões de gases associadas à sua atividade.

É difícil tornar uma empresa sustentável em Portugal? Que desafios existem nesse sentido? E que tipo de incentivos devem ser promovidos para estas empresas?

Atualmente já existem alguns apoios no âmbito do Portugal 2020 para a realização de investimentos nesta área. De qualquer forma, nem todas as indústrias são elegíveis para estes apoios, pelo que seria importante haver um fundo público que fosse mais abrangente do ponto de vista do alcance do investimento e que investisse em projetos na área da eficiência energética e de produção de energia a partir de fontes renováveis. Seguramente que, com este instrumento, o processo de descarbonização da economia seria bem mais rápido.